Ego

Amanda sai do banho e se arruma,
penteia-se e se perfuma,
olha-se no espelho e se alegra:
está pronta para aquele que a espera.
Amanda ama.

Amanda sai de casa e caminha,
passo rápido, se anima,
escorre pelo seu sexo a paixão que a domina,
sente a hora que se aproxima.
Amanda anda.

Amanda encontra-o e se ilumina,
beijo ardente, sente-se divina,
rasga o vestido e se aproxima,
abre as pernas, se aglutina...
Amanda dá.

Amanda galopa e arranha,
eis seu castelo, sente-se rainha,
arranca o desejo que a incorpora,
exige tratamento de Cleópatra.
Amanda manda.

Amanda abre os olhos e acorda,
do quarto do hotel o amante foi-se embora,
sem beijos de despedida, sem amor nem dó,
nem apenas um carinho, apenas deixou-lhe só....

Mas Amanda não reclama,
apenas afunda a cabeça no travesseiro e chora,
as fantasias da noite perfeita
com o amante foram-se embora.

E agora Amanda não mais ama,
não mais  anda, não dá nem manda.
Sozinha nesse sujo quarto de hotel
Amanda só não quer mais ser Amanda...