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Durante grande parte da minha existência fui sufocado pelos muros invisíveis de uma prisão construída por velhos que louvavam a fraqueza assim como lhes tinha ensinado um deus que necessitava da fraqueza para se sentir superior. Deus que fora fruto da imaginação desses velhos, fruto que amadureceu nutrido pelo temor dos homens de sucumbir perante a própria força, alimentado pelo medo destes de contemplar o próprio poder e jamais conseguir alcançá-lo. E como esse fruto foi adubado por suas próprias fezes, acharam doce o seu sabor e, vendo que era bom, constituíram-no o alimento da humanidade.
Mas aquilo que provavam doce eu sentia amargo, aquilo que consideravam sua fortaleza era meu cárcere. O que para eles era realidade, aos meus olhos se apresentava como um teatro de horrores oníricos.
Cansado dessa situação, comecei a tramar minha fuga. Por meio de constantes análises, considerações e críticas, aos poucos fui me livrando da fétida carga de ideologias derramadas em mim durante toda minha vida por todos os hipócritas que me rodeavam. O pensamento crítico foi a pá que me ajudou a encontrar a luz da verdade. E quando meus olhos se adaptaram à essa luz, pude ver que a verdade nada mais era do que eu.
Hoje corro pela Terra Prometida do meu eu, onde posso masturbar-me livremente, tirando o prazer de mim e para mim, gozar em cima de toda moral e atingir o êxtase supremo da individualidade!