Volúpia

Filha do amor entre a mais alva lua cheia
que o aveludado manto noturno teve a honra de acolher
e o mais árdego fogo infernal ao qual Lúcifer lançou mão
para a seus ímpios filhos fazer sofrer,
nasceu angelical e devastadora criatura,
que pelo nome Tânia o mundo viria a conhecer.

Seráfica rainha da noite, que no frio e cinzento concreto da cidade
sua irradiante e infindável beleza vem desfilar,
envenena de amor e volúpia o coração dos homens
que têm o prazer de sua incrível figura ver passar.

Seus misteriosos e rubros lábios, da cor e sabor
do mais doce vinho nesta terra já fermentado
guardam aquele sorriso sensual e arrebatador
que hipnotiza todos os que tiveram o arroubo de tê-lo contemplado.

Se anjo ou demônio, herdeira da mãe ou do pai,
isso minhas meditações noturnas não conseguiram sentenciar,
pois embora o paraíso por vezes já me tenha apresentado,
a lembrança do seu beijo ígneo na minha alma ainda continua a queimar.

Mas seja anjo,
seu paraíso nem mesmo Deus há de superar,
ou então seja demônio,
qualquer paz celestial por seu inferno preferiria trocar.

A bem da verdade,
nem todos os dias de todos os sistemas,
bem como toda a eternidade celestial seriam suficientes
para sua infinita magia por completo decifrar.

Mas apesar de todos os questionamentos que a rodeiam
uma certeza não tenho medo de proclamar:
ser mais admirável e perfeito que ela
neste ou em qualquer outro mundo jamais há de pisar.