Divagação

Minha perspectiva ontológica me leva à fossa. Minhas idéias, visões e conclusões me forçam a descer à mediocridade do homem. Sei que sou homem e ao encontrar o horror de todos acabo encontrando o meu próprio. Mas por isso deveria eu tapar meus olhos? Deveria eu apreciar o óleo sobre tela por melhor se apresentar que o espelho? Confesso que se pudesse o faria. Como disse, sou homem e por isso sou fraco. Mas não consigo esquivar-me do óbvio. Não posso fingir que não vejo o sol que brilha ante mim, que com seu esplendor ululante ilumina aquilo que desejava estar encerrado na escuridão do meu ser.
Portanto, se estou na merda, festejo com ela. Torno-a minha beleza e meu perfume. Com isso não quero dizer que sou um resignado. Jamais! O que pretendo dizer é que não havendo outra realidade, convivo com essa e retiro dela tudo o que me pode oferecer. É a sentença darwinista: o mais forte sobrevive, o mais bem adaptado ao meio resiste, enquanto os demais gradativamente desaparecem. Assim, o verme melhor adaptado aprecia o mais saboroso pedaço das fezes.
Por isso, vamos nos libertar, dançarmos nus na merda, fazer da escatologia nossa filosofia de vida e vivermos intensamente nossa mísera existência!
Pois, além de mísera, ela é curta.